tic tac, o tempo não perdoa,
vejo minhas mãos enrugadas,
essas mãos que já escreveram tantas historias.
Minha pele de pêssego,
as minhas curvas a beleza de outrora,
agora são apenas recordações,
tentei parar o tempo mas sou
tão pequenina perante sua força,
os cremes caríssimos,
cirurgias plásticas tudo em vão,
como aceitar,
levamos uma vida de luta pela nossa independência,
mas o tempo nos torna outra vez crianças,
eu que ainda tinha tanto para fazer,
tantas coisas que deixei para amanhã,
acreditava ter todo o tempo do mundo,
ele escapou me das mãos me tornando idosa,
quando tinha a juventude não tinha a sabedoria,
era tudo tão momentâneo, intenso,
hoje que tenho as minhas certezas me falta a juventude,
sinto me jovem mas o meu corpo não
corresponde com as minhas vontades,
tic tac, no compasso do meu coração,
o tempo passou e continua a passar
contra mim e contra todos,
porque assim têm que ser,
passou que eu nem vi,
se pudesse voltar atrás ,
só por uma vez iria ser diferente.
O tempo é implacável,
minhas rugas esticadas, não me deixam mentir,
não abdico da vida que vivi,
dos meus amados filhos, netos e bisnetos,
mas o tempo trouxe o que eu mais temia,
sou criança outra vez, tic tac,tic tac...